Projeto Prenúncios e catástrofes no Sesc Pompeia expande os limites do audiovisual

Falamos recentemente em Ouvir Imagens, minha coluna na Rádio USP, do impacto das mídias digitais na fotografia. No campo do audiovisual, do ponto de vista estético, o impacto mais importante das mídias digitais foi ter dissolvido as fronteiras entre as diferentes linguagens artísticas. O projeto Prenúncios e catástrofes, em cartaz no Sesc Pompeia, esclarece essas considerações.

Prenúncios e catástrofes é uma série de concertos audiovisuais que põe em questão os limites entre cinema, apresentação musical, teatro e instalação multimídia. Com curadoria de Lucas Bambozzi, o projeto acontece toda quarta-feira, 21h, até o dia 11 de julho e tem como fio condutor o caráter inexorável das catástrofes, reúne artistas da Grécia, Brasil, Canadá e Uruguai que refletem essas questões.

Do Brasil, participa o grupo de experimentação sonora Cão. Formado por Bruno Palazzo, Dora Longo Bahia, professora da ECA-USP, Maurício Ianês e Ricardo Carioba. O Cão apresentou na quarta-feira passada seu último trabalho, Aurora, no qual fazem uma leitura sonora do fenômeno da Aurora Boreal, que aparece aí via imagens captadas pela Dora Longo Bahia na Islândia.

https://vimeo.com/276782558

Ao longo do espetáculo, as imagens e o som, que é produzido ao vivo, criam camadas de experiência que desenham uma paisagem midiática única. Nela é a dissonância que nos conduz, ora nos aproximando da natureza extasiante da Aurora, ora nos colocando em um estado de suspeição, a espera de um acontecimento que pode romper o encantamento e, enfim, nos precipitar em direção a uma catástrofe…

Nesta semana, quem se apresenta é o artista uruguaio Brian Mackern, um dos pioneiros da net art, com a instalação-performance Temporal de Santa Rosa (na imagem em destaque). No Temporal de Santa Rosa, Brian explora as interferências radioelétricas causadas por uma tempestade, que é justamente o Temporal de Santa Rosa. Essa tormenta costuma ocorrer, na Região do Rio da Prata, entre 5 dias antes e 5 dias depois de 30 de agosto, dia de Santa Rosa de Lima, Padroeira das Américas.

XTCS RCPTN  [statics-reception]. Track 5. Por Brian Mackern. Acesse a série XTCS aqui

O nome da tempestade tem origem na lenda baseada nos poderes místicos de uma religiosa conhecida como Rosa. Ela teria chamado essa tempestade, em 1615, para impedir que piratas holandeses atacassem a cidade de Lima, no Peru.

Ao vivo, Brian Mackern faz a captação de ondas presentes no ambiente e manipula a atmosfera sonora do lugar para recriar a presença eletrostática do temporal. O resultado é mágico. Tem que ver.

A apresentação acontece nesta quarta 27/6, 21h, no Sesc Pompeia e a entrada é gratuita.

Transcrição da coluna Ouvir Imagens, de Giselle Beiguelman, veiculada toda segunda-feira, às 8:00, pela Rádio USP (93,7).

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