A Caixa Cultural São Paulo apresentou, entre 16 de julho e 25 de setembro de 2016, a exposição “Cinema Lascado“, individual que faz um recorte dos últimos 10 anos de minha produção artística.
Sob curadoria de Eder Chiodetto, a mostra é composta por videoinstalações, projeções e 22 imagens inéditas, resultantes de minhas pesquisas sobre imagem digital, estéticas da obsolescência tecnológica e paisagens urbanas arruinadas.
From July 16 to September 25th Caixa Cultural presented Cinema Lascado (Chipped Cinema) a retrospective devoted to the last ten years of my production in the digital image field production. Curated by Eder Chiodetto the exhibition focus aesthetics of obsolescence and fragmented urban scapes.
A entrada é franca e o patrocínio é da Caixa Econômica Federal.
De 16/7 a 25/9. Caixa Cultural. Praça da Se, SP/SP.
As obras | Art Works:
Deserto Rosso (2016)
Inédita, a série faz referência ao filme homônimo do cineasta Michelangelo Antonioni, uma das principais referências estéticas de Giselle Beiguelman. Capturada num depósito municipal de São Paulo, a série retrata uma cena que é uma metáfora da paisagem midiática do século 21: tecnologias de ponta transformadas em poucos anos em lixo, empilhadas ao relento. Questiona a descartabilidade dos equipamentos digitais e as suas relações com a incomunicabilidade, tema central na poética de Antonioni.
This new series makes reference to the homonymous film by Italian filmmaker Michelangelo Antonioni, who is one of Giselle Beiguelman’s main aesthetic references. The original photo was captured in a warehouse in the city of São Paulo and the series portrays a scene that is a metaphor for the media landscape of the 21st century: state of the art technology that, in a few years, become garbage, piled up outdoors. It questions the disposability of digital equipment and its relationship with incomunicability, which is a central theme in Antonioni’ poetic.
Paisagens Ruidosas (2013 – 2016)
Esta série é um convite para enfrentar paisagens urbanas, partindo da desordem como paradigma essencial para sua fruição. O projeto investiga estéticas do ruído e da obsolescência, em particular o glitch, e os modos pelos quais dialogam com espaços fragmentados e as experiências que temos das ruínas urbanas. Todo o processo, da captura à edição das imagens, é feito no celular em situações de trânsito e processadas nos mais variados contextos [aviões, salas de espera, táxis, aguardando ligações telefônicas etc.], com diferentes aplicativos. Mais.
This series is an invitation to face urban landscapes, based on disorder as the essential paradigm for their fruition. The project researches on the aesthetics of noise, of obsolescence, and in particular, of glitch and how they dialogue with fragment spaces and our experiences of urban ruins. The entire process, from image capturing to image editing, with a mobile phone and in transit situations; the images are processes in a wide variety of contexts [airplanes, waiting rooms, taxis, while waiting for phone calls, etc.], and with different apps. More.
CGH-SDU (Ode to the Minimal information), 2010
Nesse vídeo, a paisagem é reduzida ao seus elementos informativos mínimos – as cores dominantes e o som–, convertendo o movimento num fluxo de texturas e volumes modulados pela luz. Gravado com uma câmera Flip de vídeo, durante decolagens e aterrissagens entre os aeroportos urbanos de São Paulo (Congonhas, CGH) e Rio de Janeiro (Santos Dumont, SDU), em um dia de julho. Falado em português e inglês. 05′:05″. Português, English.
Cinema Lascado: Minhocão (2010)
Em Minhocão, as imagens se seguem por meio de um movimento que rastreia a paisagem, misturando o hi e o low tech, combinando vídeo em alta definição com a técnica de GIFs animados. O resultado é uma série de sequências que desconstroem o espaço, que é então recriado como ruído visual, conduzido pelas cores predominantes do entorno.
2’30”, videoinstalação duocanal, loop, som direto [Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, MAC-USP]
Cinema Lascado: Perimetral (2016)
A Perimetral foi registrada de 2010 a 2015, antes, durante e depois da implosão, com ênfase na reurbanização da praça Mauá e da zona portuária. Grande parte da captação foi feita em áreas fechadas à visitação pública no MAR [Museu de Arte do Rio de Janeiro], com apoio da curadora Clarissa Diniz. Um trailer da obra foi apresentado em 2013, na X Bienal de Arquitetura de São Paulo, a convite de Guilherme Wisnik, com imagens de antes da implosão. Finalizada em 2016, às vésperas do início das Olimpíadas, a videoinstalação interroga: o que essas imagens nos dizem de nossas cicatrizes urbanas e de nossas ambivalências nos processos de modernização e metropolização? O que nos contam de nossa vocação para esquecer e nossa vontade de eternamente lembrar? O que fica entre a gentrificação e a deterioração? A estética do ruído e o que mais?
Fast/Slow_Scapes (2006)
Capturados sempre de dentro de veículos [carros, táxis, barcos, trens e ônibus], com diferentes modelos de celular, os vídeos partem de pontos de vista particulares à condição do “olho ciborgue” da câmera mobile. Nesse diário visual em vídeo, lançado na Galeria Vermelho, em São Paulo, as imagens parecem emparedadas, como se fossem quadros parados em movimento. Cada lugar foi gravado de dentro do meio de transporte que caracteriza o seu território. São Paulo, de carro, Berlim de trem, a Grécia de barco, etc. Os diferentes ruídos desses vídeos, que completam agora uma década, surgiram a partir da incompatibilidade de velocidade entre o dispositivo de captação [celulares que gravavam vídeos de 16 frames por segundo] e o de edição [computadores que liam os arquivos com 29,7 frames por segundo]. Vistos hoje, retrospectivamente, narram não apenas as paisagens que retrataram, mas também uma história do audiovisual na era do nomadismo tecnológico.
Assista. Watch. https://vimeo.com/channels/1226128