Na minha coluna Ouvir Imagens, na Rádio USP, tratei nesta segunda-feira, 12/3, da obsolescência tecnológica e seu impacto na memória da net art.
Dizem que a internet não esquece. Mas a obsolescência programada e a arquitetura de informação das redes não nos deixa lembrar.
Por um lado, programas e linguagens deixam de funcionar. Quem lembra daqueles velhos sites em VRML, de ambientes 3D, que encantavam a Internet nos anos 1990? Por outro lado, algoritmos, como os do Google e Facebook, decidem o que vamos ver, prevendo nossas buscas e organizando nossa linha do tempo.
Entre problemas que vão de falências empresariais a novas padrões de segurança cada vez mais rígidos, o fato é que é bem difícil acessar sites mais antigos, especialmente quando se trata de sites artísticos, muito marcados por procedimentos experimentais.
Por esse motivo, a história da net art, um tipo de arte criada para a Internet, e talvez a mais jovem das artes, está sendo apagada, antes mesmo de começar a ser escrita.
Importantes museus, como MoMA de Nova York, Tate, da Inglaterra, e, no Brasil, o MAC-USP, vem discutindo essa questão, e centros de pesquisa internacionais começam a desenvolver recursos para recuperar a memória não só da arte on-line, mas da Internet como um todo.
Entre os projetos mais bem sucedidos estão: a Wayback Machine e o Webrecorder. A Wayback Machine é um programa de busca que permite navegar em versões antigas de um site, desde que os arquivos não tenham sido apagados dos servidores.
O sofisticado Webrecorder é um gravador, não recupera nada. É pensado para evitar a perda futura, permitindo salvar a estrutura dinâmica das páginas e seus metadados.
Importantes recursos de pesquisa, esses instrumentos não recuperam o acesso à imensa quantidade de sites bloqueados, perdidos em servidores falidos ou que simplesmente usam tecnologias que pararam de funcionar. Por ora, ainda estamos diante de uma situação paradoxal: o pior lugar para acessar a história da net art é a própria Internet.
Saiba mais:
Wayback Machine: http://archive.org/web/
Webrecorder: https://webrecorder.io/
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