Quatro mostras imperdíveis para fazer uma imersão em imagens
A aproximação da Bienal de S. Paulo é sempre acompanhada de um verdadeiro Tsunami de aberturas de mostras artísticas na cidade. Neste ano somos brindados com a possibilidade de fazer uma imersão nas artes das imagens, do Retrato à Realidade Virtual.
No Espaço Cultural Porto Seguro, com curadoria de Rodrigo Villela, está a exposição Bob Wolfenson: retratos, que reúne mais de 200 fotografias, dos anos 1970 até a atualidade, desse fotógrafo que, literalmente, revelou a face de uma incontável série de personalidades.
É praticamente impossível pensar no rosto do Caetano Veloso, por exemplo, e não ver “aquela” foto feita pelo Bob Wolfenson, em que o cantor e compositor aparece nos olhando, desafiadoramente, com um olho muito aberto, e a testa franzida. (No destaque deste post)
No Instituto Moreira Sales, mais retratos imperdíveis. Ali está Irving Penn: centenário, uma mostra organizada pelo Museu Metropolitan de Nova York. Apresenta as fabulosas fotos de moda de Irving Penn, que combinaram de forma única a fotografia comercial com a artística, com destaque para suas várias capas da revista Vogue, além de retratos, e ensaios feitos em viagens. Um repertório muito variado em que o único denominador comum é o rigor e a plasticidade do domínio da luz na fotografia em branco e preto.
Duas mostras em cartaz são bons exemplos de artistas que testam os limites das imagens reinventando tecnologias, das analógicas às digitais. Falo das exposições de Regina Silveira, no Mube e Arthur Omar, no Sesc Consolação.
Regina Silveira, que é um capítulo em si da história da artemídia, apresenta a exposição Exit. Com curadoria de Cauê Alves, a mostra é um passeio pelas inúmeras áreas pelas quais a artista transita. Há gravuras, vídeo e uma instalação em Realidade Virtual que é uma síntese do multifacetado perfil dessa artista radical. Isso porque nela se conjugam a sua longa pesquisa sobre labirintos e seu confronto com as tecnologias de ponta.
Para finalizar, não dá para deixar de conferir a exposição A Origem do Rosto de Arthur Omar no Sesc Consolação. Numa montagem primorosa, a exposição, que tem curadoria de Adolfo Montejo Navas, explora as fronteiras da percepção do que é invisível e visível, a partir de uma diversidade encantadora de procedimentos ao retratar o rosto.
Indo do mais figurativo à abstração, como destacou a crítica Ivana Bentes em um texto sobre a exposição, Artur Omar faz rostos emergirem da explosão das águas e se ocultarem em camadas que superpõem a paisagem às faces, como na série Limbo, produzida a partir de um conjunto de imagens feitas pelo artista no Afeganistão.
A mostra é também uma oportunidade para revisitar a sua antológica série, Antropologia da Face Gloriosa, iniciada em 1973, que é um registro ímpar do êxtase do carnaval, e à qual ele já voltou, trabalhando com vários métodos, analógicos e digitais, várias vezes. Afinal, como diz o artista: “o rosto é uma obra em aberto”.
Transcrição da coluna Ouvir Imagens, de Giselle Beiguelman, veiculada toda segunda-feira, às 8:00, pela Rádio USP (93,7).
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