Comento nesta semana duas exposições de arte imersiva em cartaz na cidade de São Paulo. Começo por A Biblioteca à Noite, uma instalação em Realidade Virtual em exposição no Sesc Paulista que leva os visitantes para 10 grandes bibliotecas.
Fruto de uma parceria entre o escritor argentino, radicado no Canadá, Alberto Manguel, e o artista multimídia Robert Lepage, a instalação, leva o nome de um dos livros de Manguel, (A Biblioteca à Noite) no qual ele aborda o lugar do livro e da leitura na nossa cultura, a partir de uma viagem por uma série de bibliotecas, da Antiguidade à Internet.
A visita é feita com óculos para navegar em imagens 3D e o cenário nos acomoda em uma sala de leitura.
Por meio da impecável direção de arte do Robert Lepage, somos colocados no espaço arquitetônico de cada uma dessas Bibliotecas. Na navegação, descobrimos suas histórias e detalhes. O guia é a narração do próprio Manguel em áudio.
Entre a ficção e a resitência
As que eu mais gostei de “visitar”, foram as do México e a Biblioteca de Nautilus. A do México é a Biblioteca Vasconcelos e tem uma característica muito semelhante a do CCSP. Suas várias portas envidraçadas são usadas como espelhos por grupos de bailarinos que ficam dançando no exterior. A Biblioteca de Nautilus é uma biblioteca fictícia. Essa é a Biblioteca do capitão Nemo, personagem de Vinte Mil Léguas Submarinas. E o espaço é recriado a partir dos desenhos da primeira edição da obra de Julio Verne. É um momento mágico.
Não menos mágico, é o passeio pela Biblioteca da Bósnia e Herzegovina. Construída no século 19, foi inteiramente destruída em 1992. Nessa época, um músico tocava violoncelo todos os dias nas ruínas, procurando resistir à destruição. Em RV assistimos ele tocar, mas já inserido no prédio que foi restaurado em 2014.
Nonotak
No outro lado da Avenida, na Japan House, tem mais arte imersiva! Lá está a exposição Dimensão do duo NONOTAK, que apresenta três instalações. Magnitude, uma instalação sensorial com barras de LED, que proporciona uma imersão visual, Daydream V.5 Infinite, feita com projeção a laser, espelhos e sonorização, promovendo uma conexão física entre o espaço real e o espaço virtual e a que mais gostei, Zero Point Two, feita com fibra óptica laser, na qual os raios de luz desenham um filme sem filme maravilhoso….
A exposição tem curadoria do Antonio Curti, que tem já uma experiência acumulada no campo da música eletrônica, mas que faz aqui sua estreia nas artes visuais. Estreou muito bem… E não posso deixar de mencionar aqui a prata da casa, da qual me orgulho muito. NONOTAK tem expografia de Felipe Sztutman e programação de Wesley Lee, ex-alunos do curso de Design da FAUUSP, onde sou professora. Arrasaram.
Transcrição da coluna Ouvir Imagens, de Giselle Beiguelman, veiculada toda segunda-feira, às 8:00, pela Rádio USP (93,7).
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