Inspirada por mostra sobre o AI-5, no Instituto Tomie Ohtake, indico sites que discutem violações à liberdade de expressão
No meio dessa nossa turbulência eleitoral, será que conseguimos falar de arte? Conseguimos. Nem que seja para falar de arte e censura…
Visitei a exposição AI-5 50 ANOS – Ainda não terminou de acabar, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, que se insere em um debate sobre os 50 anos do Ato Institucional No. 5, o AI-5, que foi promulgado em dezembro de 1968. Com curadoria Paulo Myada, a mostra discute, via o contexto das artes visuais, os impactos da retirada de direitos democráticos no imaginário cultural do País.
Eu vou comentar a exposição em detalhes em uma outra coluna. Hoje, inspirada por essa mostra que desde já recomendo, indico alguns sites dedicados às relações entre arte e censura.
Arte e Censura na Internet
Começo pelo File Room, do artista multimídia Muntadas. O projeto, iniciado em 1994, é também uma das primeiras obras de net art. O site é um banco de dados colaborativo. Arquiva casos de censura às artes, traz definições de censura e uma vasta bibliografia sobre o tema.
http://archive.rhizome.org/anthology/thefileroom.html
Fundamental para ter uma dimensão global dos processos de censura às artes é o site da ONG Freemuse. Lá você encontra todo tipo de material de apoio legal para combater a censura. Traz notícias e um repositório, dividido por países, que mapeia e descreve casos do mundo todo, inclusive do Brasil. No Freemuse há também uma área de publicações. Nessa área disponibiliza-se um relatório sobre o estado da arte da censura em 2018, bastante detalhado. O Relatório analisa mais de 500 casos do ano de 2017 sobre violações ao direito de expressão.
https://freemuse.org/
Um site que considero muito importante é um diretório que lista livros censurados – de livros infantis aos clássicos –, mantido pela Biblioteca da Universidade do Arizona. Eles disponibilizam vários outros recursos como, por exemplo, perfis anticensura no Twitter, uma ótima bússola para saber o que está acontecendo na Internet e mundo afora nas tentativas de controle à arte e ao pensamento.
https://libguides.asu.edu/c.php?g=718504&p=5116824
No Brasil
No Brasil, destaco o site Memórias da Ditadura, realizado pela Vlado Educação, do Instituto Vladimir Herzog. O site traz uma série de ferramentas pedagógicas e tem uma área dedicada a arte e cultura. Nessa área, contempla-se da Música ao Cinema, passando pelo Teatro e Artes Visuais. Há também links para filmes, como Tropicália (2012) de Marcelo Machado, e textos, como “Esquema Geral da Nova Objetividade”, de Helio Oiticica (1967).
http://memoriasdaditadura.org.br/panorama-de-arte-e-cultura/index.html
Para finalizar, indico o site Memoria Abierta, argentino, que tem um minucioso catálogo de filmes que retrataram a violenta ditadura do país e o período de transição democrática. O catálogo inclui também filmes pró-regime e temas específicos, como os lugares da repressão, a Guerra das Malvinas e a ditadura na sala de aula.
http://www.memoriaabierta.org.ar/ladictaduraenelcine/index.html
Imagem: Claudio Tozzi. Guevara Vivo ou Morto. 1967.
Transcrição da coluna Ouvir Imagens, de Giselle Beiguelman, veiculada toda segunda-feira, às 8:00, pela Rádio USP (93,7).
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