Participo hoje, dia 10, 19h30, no Itaú Cultural do Seminário Internacional Rumos Jornalismo Cultural, em debate com o super Kenneth Goldsmith da UbuWeb.
A Rachel Bertol, jornalista e curadora do evento, nos sugere discutir:
Como as transformações tecnológicas podem impactar o diálogo do jornalismo cultural com o público, uma vez que não é só o jornalista que produz e veicula informações? Qual é o papel do jornalismo cultural frente às novas e muitas maneiras encontradas pelo público para acessar e produzir bens culturais?
Só dá para falar de WikiLeaks…*
Vou sistematizando alguns pontos:
O WikiLeaks, e tudo que vem acontecendo desde o dia 28 de novembro, põe em questão um modelo do jornalismo.
Mostra que o jornalismo investigativo, do tipo Watergate, que tinha seus pilares fincados no jornalista de um grande órgão e suas fontes privilegiadas, cede espaço agora a um organismo midiático retroalimentado por uma uma multidão, no sentido que Toni Negri dá ao termo.
Essa multidão “inputa” os dados no sistema e esses dados são distribuídos pelo WikiLeaks.
Não há edição prévia desse material ou uma hierarquização de seu conteúdo.
A informação não aparece depois de ser lapidada por um jornalista. A informação acontece como dado bruto e chega no jornalista.
É muito mais importante a parte Leaks do que a parte Wiki do WikiLeaks
A noção de “vazamento” remete a questões caras à filosofia contemporânea, às dinâmicas entre espaços lisos e estriados, processos de desterritorialização e territorialização, nomadismo e sedentarização, máquinas de guerra e aparelhos de captura.
As últimas revelações do WikiLeaks e o alarde em torno de factóides e futricas indicam a TeeMização do jornalismo e dos corpos diplomáticos.
O álbum “A imagem dos líderes mundiais segundo documentos vazados do WikiLeaks” do UOL não deixa dúvidas sobre isso. Filtra o que se pode saber sobre os líderes mundiais a partir dos documentos que vazaram e as conclusões são as seguintes:
Cristina Kirchner irrita-se com críticas, Chávez é louco, Ahmadinejad lembra Hitler, o presidente afegão Hamid Karzai não manda nada, Angela Merkel, chanceler alemã, não se arrisca, não dá para confiar no primeiro-ministro de Israel, Biniamin Nethenyahu.
WikiLeaks é uma rede no seu sentido mais pleno, com capacidade de auto-regulação, crescimento e contração rizomática.
É uma verdadeira “Máquina de Guerra” contra os “Aparelhos de Captura”.
O Pay Back dos hackers comprova a hipótese.
Uma das dobras mais interessantes do WeakLeaks foi o dia do Pay Back.
Não deixa dúvida sobre a precisão de Andre Gorz ao afirmar que os hackers são os dissidentes do capitalismo digital.
WikiLeaks vaza e não linka.
Onde o link articula pontos de partida e de chegada, o WikiLeaks vaza, escorre. Deslocando redes, criando outras articulações temporárias, núcleos de informação que são realocados, dados que migram e são recontextualizados.
*Esses meus vazamentos só foram possíveis depois de uma tarde de conversa longa com Luciana Moherdaui, Polyana Ferrari e Cicero Silva e das minhas caminhadas matinais com o Nelson Brissac.
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ERIKCINEASTA
dezembro 13, 2010 at 16:33
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