As comemorações dos 50 anos do lançamento de Hey Jude tem rendido boas retrospectivas na Internet. Composta em junho de 1968, foi gravada no fim de julho e o compacto foi lançado no dia 30 de agosto .
Com 7 minutos e 33 segundos, a música, composta por Paul McCartney, quebrou todos os protocolos das estações de rádio. Até então, valia a lei que nenhum “single” poderia ter mais de 3 minutos. Mas Hey Jude, a música mais longa do Reino Unido até 1993, ficou entre as mais tocadas por 4 meses seguidos!
E a mítica parece ser inquebrantável. Ocupou recentemente o posto de mais tocada entre as músicas dos Beatles na Apple Music e a quarta posição entre os ouvintes da banda no Spotify.
Feita para o filho de John Lennon, na época em que ele se separava da primeira esposa, não é a que teve mais repercussão midiática, que foi Yesterday, nem a de maior sucesso comercial, trunfo de She Loves You. Mas Hey Jude é a música das multidões. Aquela que é cantada em estádios e que agrada todos os públicos, independentemente da faixa etária, gênero ou classe social.
A razão de seu sucesso, como destacou um crítico musical do Guardian, é que a música parece ter sido composta para quem está ouvindo. Sabe aquela sensação de “Isso é para mim”, “Sou eu!”. Hey Jude provoca esse tipo de sensação.
Um detalhe que gostaria de chamar a atenção é que esse cinquentenário, comemorado em plena era da Internet, torna acessíveis uma série de registros, como a primeira versão manuscrita da letra, as reproduções fotográficas do disco de vinil, um compacto simples, como se dizia naquela época. Aliás esse foi o primeiro disco dos Beatles que saiu pelo selo Apple, que se tornou depois um ícone da banda.
Entre os itens hoje acessíveis, destaco as gravações feitas por Elvis Presley, Diana Ross e Ella Fitzgerald (maravilhosa, por sinal). Mas imperdível mesmo, é a cópia restaurada do vídeo promocional, onde além da música tomamos contato com a moda da época e seus penteados incríveis e um terno verde do Ringo Starr que é em si um acontecimento.
Antes de acabar, comento mais um aspecto do vídeo de lançamento, em que vemos, também, a orquestra de 36 músicos que participam da gravação. Um dos diferenciais de Hey Jude, eles se recusaram a bater palmas e fazer parte do coro da música, apesar de ter sido oferecido um cachê a parte para isso. Mal sabiam eles que perderam a chance de fazer parte do nanana mais importante da história da cultura pop.
Transcrição da coluna Ouvir Imagens, de Giselle Beiguelman, veiculada toda segunda-feira, às 8:00, pela Rádio USP (93,7).
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