Resumo:
A pandemia do coronavírus é também uma pandemia de imagens proliferadas entre câmeras térmicas, a intimidade extro-vertida em videoconferências, as projeções nas fachadas e as inúmeras reproduções da síntese computadorizada do vírus. Não menos significativas, no contexto brasileiro, são as imagens do Presidente Bolsonaro, cujas fotos expressam sua visão política do coronavírus, e as das escavadeiras abrindo as valas das vítimas que sucumbiram à doença. Neste artigo, algumas imagens marcantes do isolamento social durante a COVID-19 no Brasil são analisadas como enunciados das retóricas visuais constitutivas da experiência cultural do novo normal. Com base na metodologia de Didi-Huberman em Cascas, parte-se dos registros imagéticos para compreender o contexto pandêmico. Apoiado nas discussões de Barthes, Foss e Mateus sobre retóricas visuais, o artigo defende que é a partir do campo das invisibilidades das imagens, que se compreende a dimensão biopolítica da pandemia.
Palavras-chave
Retórica visual, estéticas da vigilância, invidibilidade, coronavírus
Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, 23(3), 549-563, set. 2020
http://dx.doi.org/10.1590/1415-4714.2020v23n3p549.7