Poétrica> Sobre o projeto

Poétrica é uma investigação sobre leitura e recepção em situações cíbridas (pautadas pela interconexão de redes on e off line), entrópicas e de trânsito contínuo.

Envolve uma série de poemas visuais compostos por mim com fontes não-fonéticas e uma teleintervenção urbana mediada por criações feitas pelo público com esse mesmo repertório tipográfico.

É um work in progress. Começa agora, em outubro, e termina em fevereiro. O lançamento acontece em São Paulo, na Galeria Vermelho. O encerramento, no Kulturforum, em Berlim.

As imagens são produzidas em qualquer lugar , via SMS (mensagem de texto pelo celular), Internet fixa e móvel e disponibilizadas em painéis eletrônicos situados na mancha urbana da Galeria Vermelho, nas avenidas Paulista, Consolação e Rebouças.

Essas imagens são, também, retransmitidas on line por webcams e replicadas em diferentes dispositivos (celulares, Palms, computadores) e, em alguns casos, reproduzidas em ploters e outros sistemas de impressão digital.

Resultam, sempre, em significados visuais independentes de sua textualidade e desvinculados do seu lugar de produção e veiculação.

Poétrica inverte, assim, os pressupostos concretistas e da land art do qual se nutre, desfazendo, por um lado, os laços verbais e visuais na relação entre linguagens e códigos, e, por outro se afirmando como arte de congestionamento e de trânsito que só se efetiva como projeto net specific.

Tudo que se cria, no entanto, é visto e lido de forma completamente distinta, de acordo com seu contexto recepção e isso não é conseqüência do tamanho da tela, ou do tipo de superfície a que as imagens e textos momentaneamente aderem.

É resultante de um fenômeno estético particular dessa escritura nômade que, por ser clonável e deslinkada do suporte, desmaterializa a mídia para fazer a interface se realizar como mensagem.

Giselle Beiguelman
out, 2003

Poétrica tem entre suas fontes de insipiração:
O tipógrafo Rafael Lain, autor de várias fontes aqui usadas , "Introduction to the Letter T", poema de Barrett Watten, desbragada, de Edgar Braga (org. Régis Bonvicino, 1984), Ideograma de Haroldo de Campos e a obra de seu irmão, Augusto.
A teleintervenção deve mais a: Orson Welles e Jenny Holzer.
Borges, como sempre, está em tudo.